Bonecos
Há muitos anos, quando os animais moravam juntos na mesma aldeia, muitos mascaravam-se de humanos, para fugir aos homens caçadores, e havia humanos que se transformavam em animais, para se esconderem de outros predadores, como o lobo, e assim atacarem melhor as presas. É preciso ter muito olho, ainda hoje, para saber se a raposa à nossa frente é mesmo uma raposa ou se pelo contrário é uma pessoa disfarçada de raposa. Ou até mesmo uma raposa disfarçada de pessoa!
....cruza a região do Sael e chega ao lugar desconhecido...
- Sobre o Espetáculo
- Tal como os contos tradicionais desempenham um papel essencial no desenvolvimento da criança, em Bonecos, o espetáculo multiplica-se em narrativas interligadas que compõem a viagem. O cruzamento e a vivência dos próprios arquétipos traduzem-se num processo de transformação da personagem central. Terá sido de alguma forma um ritual de passagem. Em Bonecos a “menina” percorre várias estórias que habitam o imaginário tradicional africano. Ela, tem por hábito ver documentários da vida selvagem dos animais. Naquele dia sente o apelo da selva no seu interior e parte para uma viagem à caça de histórias. Atravessa o mar, passa o norte de África, atravessa o deserto do Saara, à noite, cruza a região do Sael e chega ao lugar desconhecido, onde crescem as árvores contadoras de histórias. O que ela via nos documentários nada tem a ver com o que ela vivencia nessa viagem.
- Tipologia de público
- Bonecos, é capaz de atuar num público diversificado (infantojuvenil, a partir dos 6 anos de idade, familiar e adulto). Como tem sido regra nos espetáculos da Red Cloud Teatro de Marionetas, as criações são absorvidas sob diferentes formas, de acordo com os vários grupos etários.
- Técnica e estética
- Bonecos é uma criação que absorve várias influências culturais a partir de um mergulho em contos africanos. Desenvolve o imaginário tradicional dos contos e a sua importância, aliando o vasto universo das marionetas e as técnicas que a Red Cloud Teatro de Marionetas tem vindo a explorar. É um espetáculo de teatro com marionetas no diversificado campo de técnicas de manipulação e interpretação. Consegue conjugar a palavra, o movimento, o cinema em direto, numa criação pluri-estratificada. Técnicas: manipulação de marioneta mini de varão, manipulação direta de marioneta e máscaras e cinema em direto (marionetas e adereços), voz-palavra, interpretação atriz.
- Processo e conteúdo
- No equilíbrio entre a palavra e a sua importância, o movimento, as imagens, as marionetas, a música e a reflexão continuada em todo o processo revelaram-se um grande desafio. Sobretudo ao encontrar o espaço para duvidar, desconfiar, explorar e em simultâneo partilhar com o público ensaios abertos. No limbo entre a tradição e a contemporaneidade, a companhia tem procurado desenvolver o seu trabalho artístico e de reflexão. Entendemos que para compreendermos e avançarmos no presente é necessário ir ao passado e procurar Histórias que não nos chegaram, que não foram contadas. O processo criativo envolveu a pesquisa e o diálogo constante entre todos os elementos. Foi um espetáculo montado e concebido a várias vozes e que desde o início se apresentou como um processo aberto e circular entre toda a equipa, transgeracional, diversificada em termos de experiência profissional e académica. Desenvolveram-se formas de participação do público em ensaios abertos, conversas e na investigação pela partilha de masterclass gratuita.
A ideia do projeto partiu da direção artística com o intuito de dar continuidade à pesquisa, desenvolvimento e questionamentos relativos ao conhecimento do tempo presente. Procurando aprofundar e assimilar a história sob vários pontos de vista, para que a partilha junto do público possa provocar novas considerações e reflexões sobre “nós” (individualmente), os “outros” (como um todo e/ou a imagem refletida de “nós” nos/dos “outros”) e a “sociedade” (como um todo), pontos fulcrais, jogo de espelhos que têm acompanhado de uma maneira ou de outra as criações da companhia.
Neste seguimento, considerou-se necessário conhecer aspetos da tradição cultural africana. Portugal, Europa e África mantêm vários tipos de relações desde o séc.XV. A partir dessa época e até aos dias de hoje, séc.XXI, ambos os continentes estão integralmente ligados socialmente e economicamente, apesar de ser uma ligação desequilibrada. Um dos reflexos desse desequilíbrio é o pouco conhecimento que existe sobre a cultura e história de África, em especifico países como Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique, que são essenciais para a compreensão de alguns aspetos históricos e sociais em Portugal. É neste contexto que surge o impulso de conhecer aspetos da cultura africana pré-colonial, em muitos locais preservada até aos dias de hoje. De forma a resolver qualquer equívoco, vale salientar que o espetáculo Bonecos, como o próprio comprova, não traduz nem pretende refletir a imensa cultura africana tão particular em cada país e região, seria obviamente impossível sequer ter esse impulso. Reflete sim, a própria viagem por símbolos, arquétipos, estórias e histórias, pelas conversas e leituras em torno dos motes para a construção do espetáculo. É o resultado artístico do “mergulho” no mundo da “palavra” dos contos de tradição oral e no mundo das marionetas, nas suas várias técnicas utilizadas na Europa e em África.
Poderá dizer-se que em todos os trabalhos da companhia existe uma proposta para provocar reflexões desde tenra idade sobre “nós”, a “sociedade” e os “outros”. Para tal consideramos necessária a dança entre a tradição e a contemporaneidade, e a vontade - necessidade de questionamento sobre o que somos, onde estamos e o que vemos.
Bonecos
- Ficha Artística
- Produção | Red Cloud Teatro de Marionetas
- Criação | Sara Henriques, Rui Rodrigues, Quico Cadaval, Jorge Louraço Figueira
- Encenação | Quico Cadaval
- Texto | Jorge Louraço Figueira
- Interpretação e manipulação | Sara Henriques
- Marionetas, adereços, ilustração e desenho de luz | Rui Rodrigues
- Música original | António Justiça
- Vídeo de cena, registo fotográfico e vídeo | João Garcia Neto
- Assistência de palco | Ana Gavina
- Consultoria movimento | Paula Moreno
- Acompanhamento movimento | Dayana Guzmán - Dança AfroAveiro
- Desenho de Figurinos | Cláudia Ribeiro
- Assistência técnica | João de Matos
- Consultoria e Serviço Educativo | Christine Zurbach e Catarina Firmo
- Produção | Ana Gavina e Sara Henriques
- Direção artística da Red Cloud Teatro de Marionetas | Sara Henriques e Rui Rodrigues
- Agradecimentos | Professor Celestino Macedo e Boniface Ofogo
- Co-produção | Teatro Aveirense/ Câmara Municipal de Aveiro
- Apoio | Direção-Geral das Artes
- Parceria | Festival Internacional de Marionetas do Porto, Lisboa Cultura/Museu da Marioneta e Junta de Freguesia de Esgueira
- Rider Técnico
- Palco negro
Escuridão total - Espaço de representação
Largura - 8 metros
Profundidade - 6 metros
Altura - 3.5 metros - Panejamento
Fundo negro
4 Pernas
- Luz
- 10 Projectores Recorte 15/30 com porta filtros
2 Projectores PC 650w com palas e porta filtros
6 Par Led Ledding Solar Zoom
5 Projetores Par 16 (Material da companhia)
Dimmers - 15 canais
Mesa de luz Chamsys PC (1 univ.) (Material da companhia)
Cores: Rosco e-color+
174 - 2 Rec. 15/30
202 - 7 Rec. 15/30 + 2 PC
101 - 2 Rec. 15/30
- Vídeo
- Cabos HDMI (Material da companhia)
1 Projector de video (Material da companhia)
1 Câmera digital (Material da companhia)
1 Tela de retro-projeção (Material da companhia)
Suporte para projetor de vídeo a 1,9m de altura (Material da companhia)
- Som
- Mesa de som
Sistema de som standard stereo
1 DI box stereo ou 2 mono
1 Laptop (Material da companhia)
- Logística
- Montagem - 8 horas
Desmontagem - 1 hora - Equipa
3 pessoas
- Duração
- 60 minutos
- Classificação Etária
- M/6
- Local de Representação
- Black box